22º Simpósio de Filosofia debate obra de Edith Stein

Edição encerra o ciclo trienal de estudos sobre a vida e legado da autora.

Ensino Superior

12.09.2024 - 16:09:41 | 7 minutos de leitura

Autor - Notícias São Luiz
22º Simpósio de Filosofia debate obra  de Edith Stein

Iniciou nesta quarta-feira, 11 de setembro, o 22º Simpósio de Filosofia da Faculdade São Luiz. Assim como nos dois anos anteriores, a filósofa alemã Edith Stein é o tema do evento, encerrando o ciclo trienal de estudos sobre sua vida e obra. 
Durante os três dias do simpósio, os participantes estão compreendendo mais profundamente sobre as contribuições de Edith Stein com as reflexões de Pseudo-Dionísio Areopagita, pensador do período medieval, que não se conhece a real identidade, e também de Teresa de Ávila, monja carmelita, bastante enaltecida por seu aspecto teológico.
O professor responsável pelo simpósio, Eduardo Dalabeneta, explica que as duas edições anteriores debateram a originalidade do pensamento filosófico de Edith Stein e, também, as suas contribuições, especialmente para as ciências da Educação e Psicologia. Neste ano, o foco será compreender o diálogo de Edith Stein com outras filosofias.
“Os temas investigados pela pensadora são extremamente atuais, apesar de estudados no início do século XX, eles permanecem frequentes nos debates contemporâneos. Por exemplo, a questão da pessoa humana e da singularidade. Além disso, ela possui uma relação intrínseca entre a relação filosófica e as suas vivências. Para Edith, filosofia e vida são duas coisas muito conectadas.  Ela não é uma pensadora de gabinete, que fica parada, sozinha, isolada, mas que consegue ler as questões cotidianas e vivenciá-las ”, falou Dalabeneta. 
O vice-diretor da Faculdade São Luiz, padre Aléssio da Rosa, destaca que estudar Edith Stein nas três edições do simpósio é uma experiência extraordinária. “Acredito que aqueles que tiveram a oportunidade de participar de ao menos uma edição sentiram o quanto o pensamento de Edith Stein é profundo e que exige uma dedicação para tentar entender. Mas, ao mesmo tempo, há algo que nos toca: a empatia, que hoje é muito falada, antes de 1942 ela já escrevia sobre isso. E outra reflexão é que precisamos de mais tempo ainda para se aprofundar no pensamento dela”, ressaltou padre Aléssio. 
O vice-diretor agradece a todos que contribuíram para a realização do simpósio. “Este é um evento elaborado a muitas mãos, contamos com a participação e colaboração de muitas pessoas, desde o professor Eduardo Dalabeneta, bem como os vários profissionais de diversas regiões do Brasil que vieram dar sua contribuição a partir do estudo de Edith Stein”, afirmou. 
Presente na abertura do simpósio, o diretor do Colégio e Faculdade São Luiz, padre Silvano João da Costa, descreve a alegria em realizar um evento tão enriquecedor para os acadêmicos de Filosofia e à comunidade. “O curso de Filosofia nos oferece um tempo de reflexão, em um mundo superficial, de intolerância e de não espaço para criar, mas simplesmente para transmitir e assimilar o que os outros dizem. Estamos num espaço-tempo de questionamentos, análise e busca pela verdade”, expressou o diretor. 

Edith Stein e os \"Círculos Filosóficos\": amizades e diálogos colaborativos
O simpósio iniciou com a conferência da Doutora Clio Tricarico (Unifesp), abordando Edith Stein e os \"Círculos Filosóficos\": amizades e diálogos colaborativos. Segundo a especialista, diversos pensadores influenciaram Edith, porém alguns nomes não ganharam tanta notoriedade, mas são de suma importância na vida da pensadora. 
“Uma coisa que me interessa e eu gosto muito de falar, porque nos estudos italianos sempre costumam abordar filósofos tradicionais que influenciaram Edith Stein, como Aristóteles e Tomás de Aquino. Mas houve um grupo muito particular de amigos que, quando iniciou a fenomenologia, compartilhava não só os estudos, como também a vivência. E os principais conceitos de Edith como fenomenóloga foram desenvolvidos com essas pessoas. E pouco se sabe deles, porque não ganharam tanta notoriedade. Então, eu vim falar um pouco mais sobre eles. Porque para quem vai estudar Edith Stein, eles são muito importantes, ela construiu com eles sua filosofia”, explicou Dra. Clio. 
A especialista ainda compartilhou que, para ela, uma das maiores contribuições da pensadora foi apontar a singularidade de cada pessoa.  “Edith mostra que a pessoa humana não é como muitas linhas de Filosofia ou de Psicologia sugerem, que ela é um produto do meio, um resultado da cultura ou da genética. Mas que cada um tem uma singularidade, uma essência própria que é inefável, cada pessoa é irrepetível. E ela mostra em seus pensamentos como acessar essa essência da alma, então isso tem consequências para cada área da ciência, principalmente na Psicologia, onde cada pessoa analisada tem um características singulares”, expressou. 

Edith Stein e Dionísio Pseudoareopagita: diálogos epistemológicos e metafísicos
Dando continuidade, a segunda conferência do evento foi ministrada pelo Dr. Gilfranco Lucena dos Santos (UFPB), abordando diálogos epistemológicos e metafísicos a partir do estudo de Edith Stein em 1941, para a realização de um artigo destinado a uma revista norte-americana. 
“Nesse texto ela discute o que encontra como teologia simbólica e teologia mística. O objetivo do estudo é no que consiste fundamentalmente essa teologia dionísio areopagita e como ela desemboca em uma teologia mística. Então, na minha fala, busco fazer um debate aproveitando essa dimensão quase que mistagógica e litúrgica de alguns símbolos que são citados no texto, para que possamos vivenciar interiormente, de maneira mais sensível, aquilo que Edith Stein reflete de maneira teórica”, explicou Santos. 
Ele também comenta a importância de Edith para a Filosofia. “Cito uma contribuição muito relevante para contemporaneidade que é o esforço que ela faz de reflexão fenomenológica da experiência mística. Ela não só estudou a mística teresiana e de Dionísio Areopagita. Mas também a mística de São João da Cruz, que foi outro grande carmelita do século XVI, que desenvolveu uma obra monumental desse tema, que não só é poética, como também reflexiva. E ela escreve um livro, A Essência da Cruz, que não consegue terminar porque, justamente, já estava na Holanda, fugindo da perseguição nazista e acaba sendo presa e levada para Auschwitz. A obra era uma reflexão sobre São João da Cruz, que infelizmente ficou incompleta, embora a parte que ficou já revela a grandeza que é o seu pensamento”, ressaltou. 

Edith Stein e Teresa de Ávila: diálogo antropológicos e místicos
Abordando a obra de Santa Teresa de Ávila, O Castelo Interior, a partir da visão de Edith Stein, a Dra. Ursula Annes Matthias (UFC) ministrou a terceira conferência do evento. 
“Edith Stein retomou esse texto de Santa Teresa em sua obra, Ser Finito e Ser Eterno, que é uma resposta para certas problemáticas da Filosofia contemporânea. Em especial, em um debate com Hegel, ela recorre à grande mãe, Santa Teresa: que existe, sim, uma perspectiva do transcendente, a presença de Deus em nossa vida. E ambas as obras mostram o caminho da alma para Deus, o encontro com Ele e também a transformação Nele. Então, é uma via de autoconhecimento, conhecimento de Deus e do outro”, pontuou.
Ela finaliza ressaltando que, para Edith, Deus e a Filosofia estão interligados. “Uma das principais contribuições que podemos elencar é que, enquanto fenomenóloga, ela tinha um compromisso com a realidade e a interiorização, o autoconhecimento. No meu ver, quando Edith Stein se converte, acrescenta outro sentido, que é Deus. Então Deus e a Filosofia contemporânea não estão em contradição, mas podem ser muito bem integrados”, finalizou. 

Programação
Quinta-feira, 12 de setembro
8h - Conferência 2
Tema: Edith Stein e Dionísio Pseudoareopagita: diálogos epistemológicos e metafísicos
Conferencista: Dr. Gilfranco Lucena dos Santos (UFPB)
9h15 - Debate
9h45 - Intervalo
10h15 - Conferência 3
Tema: Edith Stein e Teresa de Ávila: diálogo antropológicos e místicos
Conferencista: Dra. Ursula Annes Matthias (UFC)
11h30 - Debate
12h - Encerramento
14h às 17h - Socialização científica 
19h - Mesa redonda: Por que a questão da liberdade é um tema recorrente na filosofia de Edith Stein?
Mediação: Dr. Juvenal Savian Filho
Debatedores: Dra. Clio Tricarico (Unifesp), Dr. Gilfranco Lucena dos Santos (UFPB) e Dra. Úrsula Annes Matthias (UFC)
20h - Intervenções dos debatedores
21h - Questionamentos e intervenções
21h30 - Encerramento

Sexta-feira, 13 de setembro
8h - Conferência 4
Tema: Subjetividade e intersubjetividade na experiência religiosa segundo Edith Stein
Conferencista: Dr. Juvenal Savian Filho (Unifesp)
10h15 - Apresentação dos anais dos simpósios dedicados ao pensamento de Edith Stein e apresentação do filósofo para os estudos no triênio 2025-2027
12h - Encerramento

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